sábado, 17 de setembro de 2016

Paixão...

A vida não é feita só de racionalidade e de coisas concretas, mas também passeia pelo abstrato e pelo inexplicável, o mundo dos sentimentos. Todo mundo já ficou ou ficará apaixonado algum dia.
Nem sempre essa paixão tem uma explicação clara, não existe uma regra, alguns se apaixonam pela beleza, outros pelo carisma ou até mesmo às vezes não se sabe o motivo. Porém, se nem sempre sabemos o motivo, uma outra coisa é certa, a paixão tem características bem próprias. Não vou classificar como boas ou ruins. Como tratamos de sentimentos, talvez a terminologia de bom ou ruim não seja a mais adequada. 
Entendo a paixão como um grande paradoxo e vou explicar porquê.

Primeiro é importante lembrar que permitir apaixonar-se exige coragem, é preciso abaixar os escudos e se expor. Essa exposição traz um sentimento de vulnerabilidade e talvez seja o motivo de muitas pessoas não gostarem ou não aceitarem ficar apaixonadas.
Mas, ao mesmo tempo, a paixão traz vontade de viver, um brilho diferente no olhar.  É capaz de deixar bobo até o mais racional dos homens.
Quando se está apaixonado acontecem coisas que seriam "impossíveis" em um "estado natural", o pensamento longe, suspiros profundos, coração acelerado quando a pessoa se aproxima, sonhar acordado. (Ok, sei que tem gente vive com o pensamento longe e sonhando acordado, mas isso também é bem característico de uma pessoa apaixonada).
A paixão parece aflorar e maximizar sentimentos. O frio na barriga, a ansiedade pela mensagem, as lágrimas do adeus. Um minuto longe é uma eternidade e horas perto parecem segundos.
E quando a paixão é correspondida então?! É uma alegria que não cabe no peito!
Por outro lado, a decepção de não ser doi profundamente.
Só para termos uma noção de como a paixão é um sentimento que realmente mexe com o ser humano, é só pegar o tanto de músicas que falam sobre. São muitas. E justamente, algumas retratam da alegria de estar apaixonado e outras a tristeza por ser algo não correspondido. 

Por isso acho que a paixão é um grande paradoxo. Parece ser bom e ruim ao mesmo tempo, pode ser a tormenta ou o paraíso, depende de como você encara tudo e também de como será ou não correspondido. 
A paixão na vida é assim, uma ciência não exata, mas de uma peculiaridade sem igual!

domingo, 4 de setembro de 2016

A síndrome de super-heroi e a culpa que não podemos suportar.

No fim do ano passado escrevi sobre a tragédia que aconteceu em Mariana-MG e sobre o que estava ao nosso alcance para ajudar. De certa forma, o post de hoje tem relação com isso.

Vejo que uma característica bem forte presente em muitos jovens é a capacidade de sonhar e idealizar. Talvez isso seja cultivado desde a infância quando ouvimos os contos de fadas, depois na escola, a "bonita história do Brasil" e assim por diante. Tudo de forma idealizada, perfeita e infelizmente irreal.

Compreendo que isso não é de todo mal, porque isso traz esperança, motiva para a construção de um futuro melhor e isso é muito importante. Porém, ao mesmo tempo talvez gere o que chamarei de síndrome de super-heroi.
(O que seria isso?)

É o pensamento de que as coisas só acontecem se você estiver ali e que no final tudo dará certo.

Já percebeu que existem situações que as pessoas acham que somente elas conseguem resolver? Ou ainda, que se elas estiverem envolvidas podem mudar totalmente a situação? Sim! Isso acontece sim! Essas pessoas existem, mas infelizmente não são maioria. O problema é que às vezes são inspiração para que muitas outras pessoas acreditem que estão acima da média, o que nem sempre é verdade.

Qual é a consequência disso? Uma geração de jovens idealistas que atribuem a si mesmos uma importância exagerada e que quando algo falha, a frustração chega de forma multiplicada por causa da expectativa que fora multiplicada. (Deixo claro que não estou desvalorizando ninguém, muito pelo contrário, vejo que a vida de cada ser humano é muito importante, mas uma auto-valorização exagerada é o que considero ruim. Também deixo claro que não acho que seja importante acreditar que dará tudo certo no final, dizem que o otimismo, a fé podem ser decisivos para a recuperação de pessoas doentes. Isso é diferente de fantasiar um desfecho perfeito).

Então junto com a frustração está um sentimento de culpa por causa do fracasso, que também vem multiplicado. Quando nos julgamos responsáveis por grandes coisas, a falha também acaba se tornando nossa responsabilidade. E isso pode ser perigoso a ponto de deixar marcas profundas. Culpa que não podemos suportar. Meu objetivo não desencorajar ninguém a assumir grandes projetos, mas alertar contra a síndrome de super-heroi.

Por isso um lembrete para você e para mim, não ache que tudo depende exclusivamente de você. Não atribua a si mesmo uma responsabilidade que está além do real. Seja realista. Sonhe, mas sempre com os pés no chão. E assim vamos seguindo em frente, com a principal característica que temos, que não é de ser super-heroi, mas sim, seres humanos iguais aos outros.