domingo, 4 de setembro de 2016

A síndrome de super-heroi e a culpa que não podemos suportar.

No fim do ano passado escrevi sobre a tragédia que aconteceu em Mariana-MG e sobre o que estava ao nosso alcance para ajudar. De certa forma, o post de hoje tem relação com isso.

Vejo que uma característica bem forte presente em muitos jovens é a capacidade de sonhar e idealizar. Talvez isso seja cultivado desde a infância quando ouvimos os contos de fadas, depois na escola, a "bonita história do Brasil" e assim por diante. Tudo de forma idealizada, perfeita e infelizmente irreal.

Compreendo que isso não é de todo mal, porque isso traz esperança, motiva para a construção de um futuro melhor e isso é muito importante. Porém, ao mesmo tempo talvez gere o que chamarei de síndrome de super-heroi.
(O que seria isso?)

É o pensamento de que as coisas só acontecem se você estiver ali e que no final tudo dará certo.

Já percebeu que existem situações que as pessoas acham que somente elas conseguem resolver? Ou ainda, que se elas estiverem envolvidas podem mudar totalmente a situação? Sim! Isso acontece sim! Essas pessoas existem, mas infelizmente não são maioria. O problema é que às vezes são inspiração para que muitas outras pessoas acreditem que estão acima da média, o que nem sempre é verdade.

Qual é a consequência disso? Uma geração de jovens idealistas que atribuem a si mesmos uma importância exagerada e que quando algo falha, a frustração chega de forma multiplicada por causa da expectativa que fora multiplicada. (Deixo claro que não estou desvalorizando ninguém, muito pelo contrário, vejo que a vida de cada ser humano é muito importante, mas uma auto-valorização exagerada é o que considero ruim. Também deixo claro que não acho que seja importante acreditar que dará tudo certo no final, dizem que o otimismo, a fé podem ser decisivos para a recuperação de pessoas doentes. Isso é diferente de fantasiar um desfecho perfeito).

Então junto com a frustração está um sentimento de culpa por causa do fracasso, que também vem multiplicado. Quando nos julgamos responsáveis por grandes coisas, a falha também acaba se tornando nossa responsabilidade. E isso pode ser perigoso a ponto de deixar marcas profundas. Culpa que não podemos suportar. Meu objetivo não desencorajar ninguém a assumir grandes projetos, mas alertar contra a síndrome de super-heroi.

Por isso um lembrete para você e para mim, não ache que tudo depende exclusivamente de você. Não atribua a si mesmo uma responsabilidade que está além do real. Seja realista. Sonhe, mas sempre com os pés no chão. E assim vamos seguindo em frente, com a principal característica que temos, que não é de ser super-heroi, mas sim, seres humanos iguais aos outros.

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