Esse tema sobre nós descendentes não sabermos mais o idioma japonês é algo que já estava em pauta há algum tempo para mim. Ao descobrirem que sou descendente nipônico várias vezes já me perguntaram: "mas você sabe falar japonês?". "Pelo menos você entende?". E a minha resposta era que infelizmente não. Depois de um tempo comecei a pensar nos motivos de não saber e nesse post vou falar bem resumidamente de três, tentando colocar um olhar mais "histórico" do que de juízo.
(Existe hoje um movimento de parte da comunidade nikkei para que o japonês seja aprendido, por descendentes e não-descendentes. Mas fato é que muitos dos descendentes, principalmente a partir da 3ª geração não sabem.)
- Adaptação ao Brasil
Estive lendo desde o ano passado alguns livros e artigos sobre a Imigração Japonesa para o Brasil e um dos pontos citados foi que a intenção dos primeiros imigrantes era juntar dinheiro e voltar para o Japão. (Aliás, algo um tanto quanto semelhante ao que fazem os dekaseguis hoje.) Com esse pensamento, os imigrantes ensinaram o idioma para seus filhos e até tinham escolas que ensinavam em japonês. Mas, com o passar do tempo, a volta para o Japão foi ficando mais distante e a 2ª geração começou a se estabilizar no Brasil, abrindo negócios, comprando terrenos e assim, a aculturação foi quase que inevitável. Não em todos os aspectos, mas em alguns deles pelo menos.
- 2ª Guerra Mundial
Já contei em outros posts sobre meu interesse na 2ª Guerra, mas o que não sabia, talvez por inocência, talvez por falta de pesquisar mesmo, é que a comunidade japonesa foi afetada pelos desdobramentos da Guerra. O Japão estava do lado do Eixo, enquanto o Brasil apoiava o grupo dos Aliados e isso trouxe implicações. O idioma japonês foi proibido em locais públicos, as escolas proibidas de ensinar em japonês e as reuniões de grupos nikkei eram vistas com desconfiança. Obviamente que isso afetou a transmissão do idioma para a geração seguinte. Afinal, falar em japonês foi sinônimo de ser traidor, de opressão, de humilhação. Como disse anteriormente, não estou para exercer juízo e defender o lado japonês, os brasileiros tinham razões para fazer tais coisas. Imagine você, um brasileiro, na década de 1940, sem internet, sem comunicação rápida, sem Google Tradutor, claro que haveria um sentimento de se sentir ameaçado por um grupo que fala um idioma desconhecido e é inimigo na Guerra. A melhor solução seria a proibição.
- Preconceito
Acredito que o fator Guerra tenha um peso muito forte nessa interrupção na língua japonesa, mas a questão do preconceito também vale a pena mencionar, pois já existia preconceito antes. Os primeiros imigrantes já haviam sofrido com a diferença nos idiomas e já ouvi alguns relatos de filhos de japoneses que foram oprimidos na escola porque falavam japonês e não conseguiam falar direito o português. "O que é diferente causa além de estranheza, desconforto e por isso é deve ser reprimido". Assim pensamos até mesmo de forma inconsciente. Essa opressão e repressão acabaram traumatizando muitos descendentes para que não ensinassem o idioma aos seus filhos. Juntamente com os outros dois motivos acima, o preconceito foi mais um para que houvesse uma interrupção no idioma japonês.
Até um tempo atrás eu lamentava não saber o idioma, ainda mais ao ver outras etnias como por exemplo chineses e coreanos que aparentemente conseguem manter o idioma. Mas depois de ver esses motivos eu consigo entender e aceitar o não saber. Claro, hoje vivemos em um novo tempo e é possível aprender ainda. Só que eu me refiro ao idioma ensinado dentro de casa, de geração para geração. Isso já é algo um pouco mais difícil de conseguir.
Mas, finalizando, esses foram os três motivos que consegui observar que foram impedimentos para a propagação da língua japonesa para as gerações seguintes.
Se você tiver interesse em ler algo mais acadêmico sobre a vida dos imigrantes japoneses, vou deixar alguns autores: Hiroshi Saito, Takashi Maeyama, Seiichi Izumi, Yuki Mukai.
- Preconceito
Acredito que o fator Guerra tenha um peso muito forte nessa interrupção na língua japonesa, mas a questão do preconceito também vale a pena mencionar, pois já existia preconceito antes. Os primeiros imigrantes já haviam sofrido com a diferença nos idiomas e já ouvi alguns relatos de filhos de japoneses que foram oprimidos na escola porque falavam japonês e não conseguiam falar direito o português. "O que é diferente causa além de estranheza, desconforto e por isso é deve ser reprimido". Assim pensamos até mesmo de forma inconsciente. Essa opressão e repressão acabaram traumatizando muitos descendentes para que não ensinassem o idioma aos seus filhos. Juntamente com os outros dois motivos acima, o preconceito foi mais um para que houvesse uma interrupção no idioma japonês.
Até um tempo atrás eu lamentava não saber o idioma, ainda mais ao ver outras etnias como por exemplo chineses e coreanos que aparentemente conseguem manter o idioma. Mas depois de ver esses motivos eu consigo entender e aceitar o não saber. Claro, hoje vivemos em um novo tempo e é possível aprender ainda. Só que eu me refiro ao idioma ensinado dentro de casa, de geração para geração. Isso já é algo um pouco mais difícil de conseguir.
Mas, finalizando, esses foram os três motivos que consegui observar que foram impedimentos para a propagação da língua japonesa para as gerações seguintes.
Se você tiver interesse em ler algo mais acadêmico sobre a vida dos imigrantes japoneses, vou deixar alguns autores: Hiroshi Saito, Takashi Maeyama, Seiichi Izumi, Yuki Mukai.
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