(O post de hoje é de certa forma uma continuação do "Você está me ouvindo?".)
Estava reparando em como nós tendemos a utilizar dois pesos e duas medidas, quando é com os outros e quando é conosco.
Por que falo isso?
Não sei se já comentei em outros posts, você também tem a percepção de que quando o outro amassa nosso carro por exemplo, queremos que ele pague por cada centímetro amassado, mas quando somos nós quem amassamos, pensamos "ah, é só um amassadinho de nada, ninguém vai perceber"?
Assim é com a cola na prova, com a vaga de deficiente, com a fila no supermercado, que são coisas simples e também com o que é mais sério, por exemplo, queremos que tenha pena severa aos que batem por ter ingerido bebida alcoólica, mas não pensamos assim quando somos nós que bebemos uma cervejinha antes de dirigir. (Estou usando bastante exemplo de carro, não sei o motivo).
Entende agora os dois pesos e duas medidas? Será que todos nós não fazemos isso muitas vezes de forma inconsciente?
Tem uma outra coisa que merece ser lembrada, se você tem mais que 20 anos já deve ter percebido (pelo menos eu acho) que as coisas hoje estão muito mais chatas, digamos assim. Chatas no sentido de que hoje as pessoas se sentem ofendidas por qualquer coisinha. Hoje em dia brincar com algo dá processo.
É claro, sei que brincadeira tem limite, mas também o não brincar com nada torna a vida mecânica e sem graça.
Parece que alcançamos hoje um nível em que fazer piada com qualquer coisa já é motivo para mimimi no Facebook. Acompanho alguns sites de humor e quantos comentários de gente que se sentiu ofendida aparecem por lá. Fico assustado com o modo como as pessoas são tão sensíveis e levam tudo muito a sério.
Mas e quando são essas pessoas quem brincam? "Ah, mas a minha brincadeira não é ofensiva.", "Você é quem pensa...". Novamente usamos dois pesos e duas medidas. Aliás, não falei explicitamente, mas ficou subentendido, na maioria das vezes para os outros é mais pesado e para nós, mais leve.
Que tal começarmos a nos colocar no lugar do outro? Isso chama-se altruísmo.
Que tal deixarmos de ser ultrasensíveis e deixarmos de sempre nos sentir vítimas? Isso chama-se maturidade.
Para que a vida não se torne chata, precisamos parar de querer ficar julgando e não querer ser julgado. Precisamos aprender que o mundo não gira ao nosso redor e que os outros colaboram para que nossa vida se torne vida.
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