segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Sentir-se totalmente preparado

(Milagrosamente, estou postando pela segunda vez em um intervalo bem curto. Acho que há muito isso não acontecia. Preciso aproveitar o frescor da ideia e já que estou no computador, escrever.)

Outro dia estava conversando com um amigo meu que será pai e perguntei: "E aí, está preparado?". Ele me deu a seguinte resposta: "Ah, a gente nunca está né...". E complementou que também foi assim quando ele casou, quando mudou de cidade, mas que deu tudo certo. 

Agora pela manhã estava pensando em quantas vezes me senti preparado para enfrentar algo novo e estava totalmente confiante que conseguiria fazer aquilo tranquilamente. Me arrisco dizer que foram pouquíssimas vezes. Pode ser uma questão de auto-estima? Talvez. Mas o que me lembro é que as vezes em que me senti totalmente preparado e totalmente confiante, fracassei. 

Vejo isso acontecer bastante no esporte também. O favorito entra se achando campeão e acaba caindo. Não é uma regra, mas parece que quando o atleta sabe que se preparou e está com os "pés no chão", ciente de que pode não vencer, a chance de sucesso parece maior. Isso pode também ter relação com o atleta dar tudo de si na competição, como se ela fosse a última.
A sensação de não estar totalmente preparado é boa, apesar de não parecer. Evita a soberba, a prepotência e uma frustração ainda maior em caso de fracasso. Além de incentivar a fazer o melhor, o máximo possível.   

Estive pensando sobre esse tema por lembrar que nos últimos anos tenho me deparado com algumas situações nas quais não me sentia totalmente preparado. Término do mestrado, ida para a Holanda, cargos na igreja, situações que tive que falar em público para um número considerável de pessoas. 

E já sei que virão outras em 2019.

Mas a conclusão que cheguei é: tudo bem não sentir-se totalmente preparado. Como acabei de falar, isso pode ter seu lado bom. O importante é seguir em frente, preparado ou não, confiante com os "pés no chão". O jeito melhor de caminhar, a gente aprende no caminho, por mais cliché que isso possa parecer. 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Internet: "terra" de todo mundo, "terra" de ninguém.

A vida virtual é uma das coisas que mais me intriga e já fiz outros posts falando sobre isso. Recentemente comecei a fazer um curso de tutoria em EAD e foi falado sobre a vantagem dos cursos de educação a distância, que conseguem transmitir conhecimento independente da questão geográfica. Hoje em dia, imagino, sem consultar dados oficiais, que a grande parte do Brasil tem acesso à internet. Haja vista o número de vídeos que temos em WhatsApp, Facebook e outros meios de comunicação, vindo de várias partes do país.

Só que, recentemente, também vi um vídeo de um youtuber famoso (1) falando sobre outro youtuber famoso (2). O vídeo foi uma resposta a outros vídeos do youtuber 2, que estava incitando odio de seus seguidores contra o youtuber 1. 
Além disso, também estava procurando dicas de bons capacetes para moto. Encontrei uma infinidade de vídeos, de tudo quanto é tipo de gente e alguns poucos de pessoas ou organizações especializadas. 

O que quero dizer com tudo isso é, que, ao mesmo tempo que as pessoas possuem acesso ilimitado à internet, elas também podem postar quase qualquer tipo de conteúdo de forma irrestrita. Seja a pessoa uma especialista, seja apenas alguém querendo dar opinião. O fato é que a internet se tornou "terra" de todo mundo e ao mesmo tempo  "terra" de ninguém. (Para ilustrar isso, o Porta dos Fundos fez uma série de vídeos chamado "Polêmica da semana"). 


Você pode até me dizer que atualmente temos leis para cybercrimes, e realmente, porém, convenhamos que é algo muito recente e também hoje é impossível restringir as pessoas postarem o que elas querem. 
Eu não sei se há uma solução para que as pessoas não postem conteúdos de forma irresponsável, baseada apenas em achismos. Muitos menos não acho que seja certo fazer esse tipo de intervenção. O que digo aqui é apenas uma observação da realidade virtual (por mais estranho que isso pareça), sobre um lugar que é acessível e ao mesmo tempo "sem leis", na qual todo mundo posta o que quer, inclusive este que vos escreve.


sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Sonho na realidade

No começo desse mês realizei um sonho de alguns anos atrás, o de publicar um livro. 
Não era um LIVRO como eu imaginava que seria, muito menos com o conteúdo que imaginava que deveria ter, tudo foi bem diferente, mas nem por isso tirou a ideia de "realização de um sonho".

Pegar os livros em minhas mãos foi uma experiência muito legal. Eu não sou pai, mas imagino que é como se fosse pegar um filho nas mãos seu pela primeira vez. Ok, não estou comparando pessoas com livros, que fique claro, apenas digo em relação à sensação. Eu tenho uma mania meio esquisita, que sei que outra pessoas também tem, que é de cheirar livros. E o livro tinha o cheiro que eu queria que tivesse, cheiro de livraria. O papel era macio e em tom creme, a qualidade do material era boa e na minha concepção, adequada para o tipo de conteúdo que eu publiquei.  

O que foi mais interessante é que a gráfica que mandei fazer não usou o arquivo atualizado. Eu tinha modificado algumas pequenas coisas no arquivo final. Logo de cara aquilo me deixou bastante irritado. Minha vontade era devolver e mandar fazer de novo. Por outro lado, eram coisas pequenas, será que valeria a pena esperar mais uma semana? Aliás, naquela altura do campeonato, eu já tinha anunciado nas redes sociais que o livro estava pronto. Como faria com quem já tinha pedido? E ainda há um outro fator que foi o mal atendimento pós-vendas do vendedor. Essas coisas me fizeram relevar e no fim, mesmo assim, a sensação foi aquela descrita no começo. Acabei me contentando com o resultado.

Com este breve relato, que foi ideia do meu amigo Lucas, eu fiquei pensando em como às vezes em nossa vida nós temos sonhos e por um motivo ou outro eles podem até acontecer com alguma mudança, mas ficamos tão obstinados de que deveria ser DAQUELE jeito imaginado, que não aproveitamos o sonho na realidade. 

Às vezes alguns de nossos sonhos já aconteceram, nós só não percebemos...

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Por trás das cortinas

Vez ou outra quando assisto vídeos no Youtube, aproveito para ver o "making of" ou "behind the scenes" porque acho curiosos observar por um outro ponto de vista. Quando vemos o resultado final, muitas vezes nem imaginamos o tanto de trabalho que deu fazer aquilo. 

Comecei a pensar um pouco mais nisso depois de trabalhar em um restaurante. Parece non-sense, mas calma, eu explico. Quando vamos como clientes, vemos o buffet bonito, com bastante comida e está tudo certo. Só que não é só isso. Somente depois de trabalhar lá que consegui perceber o tanto de esforço que envolve. Por trás das cortinas existem pessoas que se movimentam para que o "espetáculo" aconteça.

Na vida, muitas situações são assim. Inclusive quando pensamos em benefícios, "privilégios" que temos hoje. Por exemplo, se hoje temos algum tipo de direito, enquanto cidadãos, é porque pessoas lutaram por isso no passado e no presente. Ou seja, por trás das cortinas sempre houve e haverá pessoas que se esforçam, desdobram, trabalham para que o holofote ilumine o palco. 

Para finalizar esse post curto, que possamos dar valor às pessoas que fazem que é "invisível" e também que sejamos, dentro de nossas áreas de atuação, aqueles que estão por trás das cortinas. Seja onde for, em qual área for, fazendo o que for.


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Será em vão?

Depois de um mês de bastante reflexão a respeito do futuro, próximos passos profissionais ou pelo menos tentativas, fiquei sabendo de um site de cursos online com certificado. Um amigo meu me indicou o Udemy e resolvi dar uma olhada. Havia cursos em promoção e por no momento não estar matriculado em nenhum curso, decidi comprar alguns: Filosofia e Psicologia no século XXI, Pensando criticamente e um curso de Holandês. 

Mas durante esse tempo algumas perguntas pairavam sobre minha mente: será que o que estou pretendendo fazer/fazendo agora é em vão? E se no fim não der certo? Será que vale a pena tentar aprender o holandês em vez de espanhol ou mandarim?


E então no curso que fala sobre Filosofia, me fez entender que aquilo que é vivido de forma inteira, de coração, não é em vão. Mesmo que planos não dêem certo, mesmo que os cursos não sejam tão bons, algo essas situações irão acrescentar. Mesmo que seja "só" experiência, mesmo que seja o que não fazer.

Indo direto ao ponto: Não é em vão, não é tempo perdido. 

Isso vale a pena tomar nota para superar o medo de tentar...

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Dignidade...

Semana passada (19/07/18) tive a oportunidade de participar da recepção da princesa japonesa Mako de Akishino em Londrina. Foi um evento restrito e feito sem muito alarde. De acordo com o protocolo, ela deveria passar no meio da rua. Nós estávamos na calçada. Caso viesse em nossa direção, não podíamos estender a mão para cumprimentá-la, ela que deveria tomar a iniciativa. 

Para a minha surpresa, e talvez para a surpresa de todos os presentes, ela passou muito próximo do público e começou a cumprimentar as pessoas até um de seus assessores ou seguranças, informar que ela deveria ir mais rápido. Ela passou em nossa frente muito educadamente olhando para nós pedindo desculpas e mais para a frente continuou cumprimentando as pessoas.

Aquilo me chamou bastante a atenção. Afinal, minha concepção de família imperial japonesa é de que ninguém poderia chegar perto e talvez nem olhar nos olhos. 
Porém, a atitude da princesa foi surpreendente. A forma humilde como ela tratou as pessoas juntamente com outras coisas que li e vi me fez refletir sobre a dignidade que todo ser humano merece ter.

Me lembrei de quando visitei um trabalho de ação social na Holanda e uma das fundadoras disse que o objetivo do lugar era dar um pouco de dignidade para as pessoas. Ali eles recebem todos os tipos de pessoas, inclusive aquelas que a sociedade exclui. 
Também me lembrei de um livro que estou lendo chamado "A coragem de ser imperfeito" da Brené Brown. No livro tem a seguinte afirmação: "Não importa o que eu fizer hoje ou o que eu deixar de fazer, eu tenho meu valor". Ela enfatiza a auto-aceitação que não é medida pelo desempenho, mas pelo simples ser. A ideia de ser aceito e amado por ser quem somos.
Por fim, vi recentemente uma reportagem de uma líder de uma banda cristã bem influente nos EUA chamada Kim Walker, dizendo que os jovens estão cansados da falta de transparência dos líderes religiosos.   

O que tudo isso tem a ver? 

Por um lado vemos "digital influencers" falando de uma "vida perfeita" nas redes sociais. Mostrando lugares paradisíacos, com luxo, conforto, ostentação como se fosse algo normal e acessível para todos. O resultado é uma sociedade que tem ficado doente por ansiedade, depressão, exaustão.

Por outro lado, parece haver um movimento, que traz a humanização e a dignidade que todos merecem ter. Uma princesa que se preocupa em passar perto e cumprimentar as pessoas, um lugar que não faz pré julgamentos pela roupa ou pelo status social da pessoa, uma mulher que admite sua vulnerabilidade e expõe a importância de sermos amados por quem somos, uma líder de uma banda influente que afirma que não é possível viver de aparências. 

A conclusão pelo menos momentânea que chego é: ninguém tem uma vida perfeita, não devemos exigir isso dos outros e nem tentar fingir que temos. Por isso é preciso tratar as pessoas com dignidade, dizer um "obrigado" olhando nos olhos. Entendo que às vezes não é fácil, estamos atarefados, com pressa, pressionados, mas a vida é a coisa mais valorosa que existe. Precisamos de humildade, precisamos de compaixão, precisamos de amor.  Todos merecem pelo menos um pouco de dignidade e respeito, afinal, todos somos da mesma "raça", somos humanos.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

110 anos da Imigração Japonesa e muitos descendentes já não sabem o idioma.

Esse tema sobre nós descendentes não sabermos mais o idioma japonês é algo que já estava em pauta há algum tempo para mim. Ao descobrirem que sou descendente nipônico várias vezes já me perguntaram: "mas você sabe falar japonês?". "Pelo menos você entende?". E a minha resposta era que infelizmente não. Depois de um tempo comecei a pensar nos motivos de não saber e nesse post vou falar bem resumidamente de três, tentando colocar um olhar mais "histórico" do que de juízo.
(Existe hoje um movimento de parte da comunidade nikkei para que o japonês seja aprendido, por descendentes e não-descendentes. Mas fato é que muitos dos descendentes, principalmente a partir da 3ª geração não sabem.) 

- Adaptação ao Brasil
Estive lendo desde o ano passado alguns livros e artigos sobre a Imigração Japonesa para o Brasil e um dos pontos citados foi que a intenção dos primeiros imigrantes era juntar dinheiro e voltar para o Japão. (Aliás, algo um tanto quanto semelhante ao que fazem os dekaseguis hoje.) Com esse pensamento, os imigrantes ensinaram o idioma para seus filhos e até tinham escolas que ensinavam em japonês. Mas, com o passar do tempo, a volta para o Japão foi ficando mais distante e a 2ª geração começou a se estabilizar no Brasil, abrindo negócios, comprando terrenos e assim, a aculturação foi quase que inevitável. Não em todos os aspectos, mas em alguns deles pelo menos. 

- 2ª Guerra Mundial
Já contei em outros posts sobre meu interesse na 2ª Guerra, mas o que não sabia, talvez por inocência, talvez por falta de pesquisar mesmo, é que a comunidade japonesa foi afetada pelos desdobramentos da Guerra. O Japão estava do lado do Eixo, enquanto o Brasil apoiava o grupo dos Aliados e isso trouxe implicações. O idioma japonês foi proibido em locais públicos, as escolas proibidas de ensinar em japonês e as reuniões de grupos nikkei eram vistas com desconfiança. Obviamente que isso afetou a transmissão do idioma para a geração seguinte. Afinal, falar em japonês foi sinônimo de ser traidor, de opressão, de humilhação. Como disse anteriormente, não estou para exercer juízo e defender o lado japonês, os brasileiros tinham razões para fazer tais coisas. Imagine você, um brasileiro, na década de 1940, sem internet, sem comunicação rápida, sem Google Tradutor, claro que haveria um sentimento de se sentir ameaçado por um grupo que fala um idioma desconhecido e é inimigo na Guerra. A melhor solução seria a proibição.

- Preconceito
Acredito que o fator Guerra tenha um peso muito forte nessa interrupção na língua japonesa, mas a questão do preconceito também vale a pena mencionar, pois já existia preconceito antes. Os primeiros imigrantes já haviam sofrido com a diferença nos idiomas e já ouvi alguns relatos de filhos de japoneses que foram oprimidos na escola porque falavam japonês e não conseguiam falar direito o português. "O que é diferente causa além de estranheza, desconforto e por isso é deve ser reprimido". Assim pensamos até mesmo de forma inconsciente. Essa opressão e repressão acabaram traumatizando muitos descendentes para que não ensinassem o idioma aos seus filhos. Juntamente com os outros dois motivos acima, o preconceito foi mais um para que houvesse uma interrupção no idioma japonês.

Até um tempo atrás eu lamentava não saber o idioma, ainda mais ao ver outras etnias como por exemplo chineses e coreanos que aparentemente conseguem manter o idioma. Mas depois de ver esses motivos eu consigo entender e aceitar o não saber. Claro, hoje vivemos em um novo tempo e é possível aprender ainda. Só que eu me refiro ao idioma ensinado dentro de casa, de geração para geração. Isso já é algo um pouco mais difícil de conseguir.

Mas, finalizando, esses foram os três motivos que consegui observar que foram impedimentos para a propagação da língua japonesa para as gerações seguintes.
Se você tiver interesse em ler algo mais acadêmico sobre a vida dos imigrantes japoneses, vou deixar alguns autores: Hiroshi Saito, Takashi Maeyama, Seiichi Izumi, Yuki Mukai.   

terça-feira, 17 de abril de 2018

A vida é para...

Ela saiu de seu trabalho após um dia bastante cheio e cansativo. Seus chefes haviam pedido para fazer um prato diferente e ela teve que correr até o supermercado para fazer as compras além de cuidar das crianças. Maria pegou o ônibus no horário do rush e apesar de estar exausta, nem se importou com a falta de espaço e o empurra-empurra. Sua cabeça estava longe... 
Há algumas noites não dormia direito porque pensava na vida. Pensava na sua adolescência humilde no interior do estado. Lembrava de seus irmãos e de seu pai que deixara para tentar a vida na capital. 
"Por que tanta diferença? Por que uns tem tanto e outros tão pouco?" - pensava. "Podia ter nascido em uma família rica e estruturada... Mas não foi assim...".
Em meio a lamento e um pouco de indignação, teve sobriedade quando reconheceu seu esforço até ali e talvez mudar a realidade da humanidade estava longe de seu alcance. 
Mas naquele dia, dentro do ônibus lotado, Maria começou a pensar: "Então para quê é a vida?".  
Em seguida começou a se lembrar de pessoas que fizeram parte de seus primeiros meses na nova casa: do seu Juca, dono da padaria, da simpática dona Matilde que alugava a kitnet ao fundo de sua casa e da Jaqueline, que trabalhava no mesmo prédio que ela. Deu então um suspiro profundo... "Ah! Como essas pessoas foram importantes!" 
Vieram à sua mente as boas memórias quando foi surpreendida pelo seus chefes com uma cesta de Natal, das vezes que seu pai conseguiu visitá-la e do susto que ele levou na primeira vez viu uma porta automática no shopping, do belo por do sol que conseguia ver de seu quarto. Quantas simples coisas boas em meio ao suor de cada dia!
Enquanto as lágrimas escorriam do seu rosto, ela sabia, não podia simplesmente desistir, sabia que a vida era preciosa demais para ser jogada fora.
"A vida é para batalhar, a vida é para viver momentos inesquecíveis, a vida é para conviver com outras pessoas, a vida é para amar, a vida é para sorrir e para chorar, cada um em seu tempo, a vida é para ser vivida... com intensidade e responsabilidade."
Naquele dia, seu corpo estava cansado, mas seu coração estava grato. Grato porque pessoas fizeram parte de sua história. Grato porque o passado lhe ensinava. Grato porque apesar das dificuldades, podia viver mais um dia. 

sábado, 10 de março de 2018

Armadilhas: por um uso mais consciente das redes sociais

Você já assistiu aqueles filmes em que a personagem principal está caçando algum adversário (seja um animal, um et ou uma outra pessoa) e precisa fazer uma armadilha para ter sucesso?
Eu lembro um pouco de Predador, quando o Arnold Schwarzenegger faz uma armadilha com troncos de árvores, galhos e cipós para tentar emboscar o Predador.  
O segredo por trás da armadilha está em enganar e surpreender o adversário. Praticamente todos os dias vejo armadilhas. Não são iguais a do filme, mas que se apresentam de diferentes formas nas redes sociais. (Aliás, estava relendo uns posts antigos e vi que já escrevi sobre as redes sociais e volto a escrever sobre isso).

Quais armadilhas? Vou falar daquelas que identifiquei e é bem provável que existam outras. (Isso não é uma crítica com o objetivo de destruir quem usa as redes sociais, tanto porque eu também uso. Antes é um convite para a reflexão da forma como nós usamos). 

- Vida perfeita
Essa talvez seja uma das mais comentadas e já vi várias críticas à ilusão que as fotos e status das redes sociais trazem. Principalmente no começo da vida, quando vemos influenciadores digitais postando sobre suas viagens, produtos ganhos, etc, podemos cair na armadilha de achar que a vida deles é perfeita. Importante ressaltar que não estou colocando a culpa nessas pessoas, às vezes é o trabalho delas assim como os atores e atrizes que precisam interpretar nos filmes. A questão é que as pessoas se iludem com uma vida perfeita. 

- Superficialidade na vida
Consequentemente com essas fotos de uma vida perfeita somos tentados a focar na aparência e na superficialidade. Talvez a gente não tenha noção de que nossas redes sociais pode chegar aos países mais distantes.
Estava assistindo outro dia uma entrevista com uma banda de três irmãs que começaram a fazer sucesso por causa de um vídeo na internet. Elas falaram bem espantadas de fãs na Suécia, no Brasil e elas são do México.
Por causa dessa distância, acabamos "conhecendo" as pessoas pelo que postam nas redes sociais, o que dificilmente traz um conhecimento real a não ser que você converse frequentemente com a pessoa. Do contrário, fica apenas a superficialidade das fotos/vídeos e ao que a pessoa aparenta ser.

- Egocentrismo
As redes sociais são algo pessoal, seu usuário terá seu nome ou nickname, então nada mais óbvio do que postar coisas sobre você, seja fotos, vídeos. Porém, há um risco que é de se tornar egocêntrico. Postar todos os dias fotos aleatórias apenas para conseguir a atenção ou o like das pessoas. Entendo que às vezes isso pode ser visto como uma forma de melhorar a auto-estima, mas se não houver correspondência, a auto-estima vai apenas piorar. Não sei se as redes sociais são os melhores lugares para tentar resolver esse tipo de problema. É mais provável que encontremos o perigo de achar que o mundo precisa nos ver e contemplar.  

- Superficialidade nas informações 
Não é muito difícil encontrar nas redes sociais as "fake news". O que acontece? Alguém, por N motivos resolve postar uma mentira na internet e as pessoas espantadas com aquela suposta notícia começam a compartilhar muitas vezes sem verificar a fonte ou a veracidade daquilo. Recentemente tivemos o caso da menina Síria, que foi divulgado que mesmo sem os pais e com o país em guerra ela era capaz de sorrir. O que foi desmentido pelo fotógrafo alguns dias depois. E em um passado nem um pouco distante aconteceu a mesma coisa com o menino negro na praia de Copacabana na virada do ano. Muito se falou sobre a foto sem ao mesmo saber qual foi a situação de fato. Vê?! Acontece frequentemente! 

O que fazer diante de tudo isso?
Acho que hoje viver sem redes sociais é quase impossível. Mas é possível sim termos um uso mais consciente das redes sociais. Isso não significa que vamos mudar a internet, mas podemos mudar nossa mentalidade e não cair nas armadilhas que a internet pode abrigar.

Podemos considerar que ninguém tem uma vida perfeita; que as redes sociais não representam necessariamente a vida real; que o mundo não gira ao nosso redor; e que nem tudo o que vemos na internet é verdade, por isso, antes de compartilhar, melhor verificar a procedência da informação. 
Simples assim! Saber disso pode nos ajudar a ter um uso mais consciente das redes sociais.

quinta-feira, 1 de março de 2018

A vida e a montanha-russa.

Depois de um tempo sem escrever (novamente), ocupado com outros afazeres e um pouco sem inspiração, voltei! 

Em um pouco mais de um mês muitas coisas já aconteceram. Ao mesmo tempo que parece que o ano acabou de começar, afinal o Carnaval foi há duas semanas atrás, já estamos em Março. 
Estava pensando em meu penúltimo post sobre as expectativas para esse ano e me vi bastante otimista. Mas como disse, em pouco tempo muitas coisas aconteceram e não da forma como eu esperava.

Não fui aceito na universidade da Holanda na qual me inscrevi. Infelizmente faltaram 3 pontos no TOEFL para ser um possível candidato. Achei que a correção foi injusta? Um pouco. Fiquei meio perdido por um tempo? Sim! E outros planos que também tinha em mente ainda não deram certo.

Por isso comecei a pensar sobre a montanha-russa que às vezes acabamos vivendo. Em um momento parece que tudo vai dando certo de forma fluida, como se estivessemos em ascensão. E então, quando menos esperamos as coisas não saem como o esperado e planejado e nos encontramos quase que em queda livre.
Isso acontece. Faz parte da vida.

Steel Dragon 2000 em Nagashima, Japão. Foto de 2007.

Por mais pessimista que possa parecer, a intenção na verdade é ser realista. A vida não é um conto de fadas, nem um lugar perfeito. Talvez essa seja a beleza da vida, porque ela é surpreendente, às vezes positivamente, às vezes negativamente. Claro, qualquer um de nós gostaria de ser surpreendido só positivamente, mas não é assim que funciona.

Apesar dessa montanha-russa, existe um elemento em nós que não pode mudar: a esperança. Sim, sei que em algumas situações parece que nossa esperança vai embora. Não temos motivos mais para acreditar ou ter otimismo. Mas se nossa esperança acabar, nossa vida também acaba. Quero deixar claro que ter esperança não é se iludir. São duas coisas diferentes.

A esperança é como se fosse uma folha em branco que ainda vai ser escrita e a ilusão, uma folha escrita que não queremos aceitar o que está ali e fingimos que está em branco. Percebe a diferença?

Tem uma música que ouvia bastante quando era adolescente que dizia: "mas é claro que o sol, vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei." Eu parei de ouvir essa música porque ficava meio depre, mas a letra dela é bastante profunda. Existe um "hoje" e vai existir um "amanhã". 
Nossa vida pode ter várias folhas em branco e precisamos estar abertos para o que vai ser escrito nelas. E claro, sempre desejando que seja escrito o que há de melhor. 

Apenas para concluir essa reflexão rápida. A vida nunca vai deixar de ser essa montanha-russa, cabe a nós então não perdermos a esperança.

Last Hope - Paramore Letra traduzida

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Motivação e condições.

No contexto de tempo, diz o ditado: "Quem quer, dá um jeito" e realmente parece que quando estamos com uma prioridade alta em um assunto, nós fazemos até o impossível para alcançar o objetivo. Depende muito de nossa motivação.

Outro dia fui tentar caminhar/correr, mas não consegui correr por muito tempo. Em parte por falta de condicionamento físico. Enquanto voltava a caminhar comecei a me questionar por que não consegui continuar correndo, mas "estanho" que quando é em um jogo de futebol, normamente consigo. Logo pensei na motivação. 
Quando estou jogando, minha motivação para ter a posse da bola e marcar um gol é alta, por isso não desisto tão facilmente. Agora quando estou correndo sozinho, sem nenhuma meta específica e com meu corpo pedindo para caminhar, a situação muda. 
A motivação pode estar no sentido mais extintivo, como por exemplo, comer, dormir, tomar água. Nós fazemos motivados para sobreviver. Ou a motivação é por algo que hoje achamos necessário ou importante. Nesse caso, a questão é mental. Se você entende que é importante, vai se motivar mais para tal. Em alguns casos é preciso um certo trabalho psicológico, como pode ser na minha situação da corrida. 

Porém, acredito que também existe um outro fator que influencia quando vamos fazer algo que é a condição, ou melhor, as condições. Por exemplo, se tenho um lugar apropriado para correr ao lado de casa, minha motivação para ir lá pode aumentar, comparado se tivesse que me deslocar 20 minutos para correr. Ter condições para conseguir fazer algo é o que muitas vezes é levado em consideração ao planejar uma política pública de lazer por exemplo. Foi interessante ver na Holanda o que me falaram ser a lei Cruyff, que é ter um espaço para jogar futebol a cada X metros. Não sei precisar a distância, mas vi muitos campos/campinhos para jogar lá. 

Por estarmos no começo de ano, muitas vezes pensamos em metas a cumprir ou coisas que gostaríamos de fazer. E sendo bem realista, nem sempre conseguimos atingir tudo. Nesse momento de avaliação que a gente possa considerar a motivação e as condições para ter mais coerência e pé no chão.  

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

2018: mudanças, sonhos, reflexões.

Bem-vindo 2018!

Depois de mais de um mês sem escrever e quase nem chegar perto disso, resolvi sentar e tentar. Cheguei a esboçar algumas ideias no fim do ano passado, mas talvez minha cabeça ainda estava fora do ar. (Parece exagero, afinal foram só 3 meses. Só que o problema não é o tempo e sim a intensidade. Admito que minha vontade de voltar para lá é grande mesmo com as diferentes dificuldades, mas vida que segue.)

O ano de 2018 está com desafios diferentes e sonhos que podem ou não se realizar.
O primeiro desafio será em relação aos estudos. Terminada a graduação agora é hora do passo seguinte. Vamos ver se até o final desse mês alguma definição acontece.
Nessa mesma linha estão os sonhos. Como falei acima, a vontade de voltar para a Holanda é grande e tentarei me inscrever para programas de mestrado. Preciso cumprir algumas etapas antes e esse mês de Janeiro será decisivo.

Na semana passada vi uma notícia que me deixou meio triste, desapontado, não sei qual é o adjetivo certo para usar. Um homem entrou em uma das principais igrejas católicas da cidade e quebrou parte da imagem mais importante da igreja. Ele foi preso e a polícia identificou que ele já havia feito a mesma coisa em outra cidade da região e estavam tentando constatar se ele tinha algum tipo de distúrbio ou algo do tipo.
Claro que essa notícia deu o que falar. Na verdade, parece que hoje em dia qualquer notícia faz isso, até mesmo as mais fúteis. É só ver a coluna de celebridades nos sites de notícias.

Enfim, segundo o site, o homem dizia que estava fazendo aquilo porque estava escrito na Bíblia.
Aí claro que como teólogo, precisava refletir um pouco sobre isso.
No Brasil vemos muitas vezes religiões degladiando entre si tendo a mesma origem. Sim, estou falando dos católicos e evangélicos.
Talvez eu esteja enganado, mas atualmente parece haver mais agressividade por parte de alguns evangélicos. E credito essa agressividade a uma série de fatores.

Primeiro, a educação que temos. Educação? Sim, em muitas escolas não se ensina a olhar de forma crítica para as coisas. Lemos e seguimos as regras, sem reflexão e ai daquele que questionar. Nossa incapacidade de interpretar resulta em ignorância e fanatismo.

Segundo, nossa ganância de querer sempre estar certo. Nosso orgulho e egocentrismo faz com que a gente ache que fora da nossa verdade não há outra forma de ver o mundo. O incrível é pensar na diversidade cultural e étnica do Brasil e mesmo assim, os pensamentos que cultivamos continuam sendo de superioridade cultural/étnica e consequentemente religiosa.

Terceiro, intolerância estimulada pela era digital. Li um texto do Jonathan Menezes falando sobre o diálogo na internet e de fato, é fácil sair jogando críticas pesadas de forma irresponsável quando é possível se esconder atrás de um nickname. É só dar uma olhada em comentários no YouTube. O mais assustador é ver que por vezes são crianças de 9, 10 anos comentando de forma agressiva.

Acredito que tudo isso junto com o a ideia de consumismo, na qual, o mundo é feito para me servir, gera esse tipo de pensamento e comportamento de destruição, desrespeito e intolerância. E apesar de parecer ter um tom pessimista e crítico, meu texto tem o objetivo de ser mais reflexivo.

Proponho a seguir algumas coisas para pensarmos em 2018.
Se aqueles que se dizem cristãos querem realmente seguir a Jesus, o Cristo, então comecem estudando mais sobre sua vida e ensinamentos. Procurem se há na Bíblia algum momento que Jesus entra em algum templo de outra religião para destruir o que era sagrado para os outros. Aliás, o único momento que me recordo de ver Jesus agindo de forma mais agressiva é quando derruba as mesas dos comerciantes que estavam no próprio templo judeu. Motivo? Os comerciantes aproveitavam as visitas para explorarem os viajantes com altas taxas de câmbio e preço dos animais para serem oferecidos em sacrifício.
E me parece que Jesus conhecia bem o egocentrismo humano. Tanto que diz o seguinte: "façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam" (Mateus 7:12, Nova Versão Internacional).
Ou seja, antes de agir com intolerância e desrespeito, que a gente se coloque no lugar do outro, como se aquilo que fazemos estivesse sendo feito a nós. E sejamos francos, quando é com os outros queremos juízo, condenação, quando somos nós queremos misericórdia e perdão.

Talvez essas coisas que disse acima já disse em algum momento nesse blog, mas fica a reflexão para 2018. Que seja um ano de mudanças, sonhos e também pés no chão.