domingo, 25 de dezembro de 2016

Ficando para trás...

Fim de ano, retrospectivas em vários lugares e como é de costume, começo a pensar também como foi 2016 para mim. E esse post é para aqueles em sua maioria tem entre 20 e 30 anos e aos fazerem a retrospectiva do ano em algum momento tiveram o sentimento de que estão ficando para trás.
Escrevo este post não somente baseado em minha vida, mas em conversas com amigos que possuem mais ou menos essa faixa de idade*. Vários questionamentos passam pela cabeça e as pressões surgem. Caso você se identifique com o que escreverei, fique tranquilo, você não está sozinho nesses dilemas e meu objetivo aqui é te fazer repensar se você está realmente ficando para trás

De forma geral, quando temos entre 20 e 30 poucos anos muitos sonhos passam pela nossa cabeça, claro, todo jovem é e acredito que deve ser sonhador, mesmo que depois descubra que nem todos os sonhos são realizáveis. Contudo, existe um fator em nossa vida que acho que nos atrapalha muito a perseguir esses sonhos, que é a comparação
Por exemplo, vi N vezes pessoas dizendo: "Será o Neymar o novo Pelé? Será Messi o novo Maradona?" e sinceramente acho isso besteira, Neymar é Neymar, Pelé é Pelé e assim por diante. Para os jovens as comparações trazem a sensação de que estão ficando para trás, o que não é necessariamente verdade. Perceba, na maioria das vezes as comparações giram em torno de estudos/trabalho, estabilidade financeira e relacionamentos. Esses assuntos são aqueles que os parentes perguntam na reunião de fim de ano e que por vezes deixam os jovens incomodados. 
As comparações podem ser com quem está falando ou podem simplesmente passar pela cabeça ao ver algum amigo ou conhecido que tem a mesma idade e a situação é totalmente diferente. Vou esclarecer. 

Comparações com quem está falando
Essas comparações acontecem normalmente quando você está conversando com alguém mais velho e a pessoa começa: "Quando eu tinha a sua idade, eu já tinha minha própria empresa", por exemplo. Pronto. A comparação já aconteceu e se você não está em um bom dia, sua auto-estima já te faz achar que você é um inútil. 

Comparações ao ver algum amigo ou conhecido com a mesma idade
Essas são mais pessoais, muitas vezes inconscientes. Quando você percebe, já está pensando: "Aquela pessoa tem a mesma idade que eu e já é casada e tem filhos". Novamente, comparação feita. Ah sim. essa também pode ter a variação de alguém falar para você: "Aquela pessoa tem a mesma idade que você e já é casada e tem filhos". 

Óbvio, as comparações não são o fim do mundo e para algumas pessoas servem como estímulo. Mas o que acontece muitas vezes é que aumenta a pressão para ser algo que no momento não é possível, seja por não querer ou por não conseguir mesmo. 

Por isso a primeira coisa que considero importante fazer para repensar se estamos ficando para trás é respirar fundo e pensar com calma: "Eu, no momento que estou, gostaria de viver uma situação igual daquela pessoa?". 
Se a resposta for sim, sugiro essas outras duas perguntas: "Por que estou em uma situação diferente?", "Existe algo que eu posso fazer em relação a isso?". 
Se a resposta for não, acredito que o importante é aproveitar a fase que vivemos. Tendo o cuidado para não ficar se cobrando demais, lembre-se Neymar é Neymar, Pelé é Pelé, você é você e tem sua própria caminhada.
Então ainda que talvez em alguns momentos pareça que está ficando para trás, não se desespere, apenas viva sua vida de acordo com suas possibilidades e particularidades

E que venha 2017! Obrigado por ler meus devaneios e até ano que vem!


*Quero deixar claro que o que escreverei não é uma generalização e que necessariamente acontece com TODOS, mas sei que acontece com bastante gente, por isso não considere uma lei e sim a visão de alguns.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Como é ser descendente de japonês?

Hoje resolvi escrever um post aleatório, talvez em parte inspirado por um filme que assisti outro dia chamado 47 Ronin, que é uma lenda japonesa sobre lealdade, honra e vingança. Depois de ver o filme comecei a pensar nesses aspectos e lembrar que desde mais novo ouvia coisas do tipo "Ah, entrou mais um japonês na sala, menos uma vaga no vestibular" ou "Claro que ele sabe! Ele é japonês!", estereótipos que sei que perseguem os descendentes. Por isso resolvi escrever hoje sobre como é ser um descendente de japonês. O que escreverei a seguir é baseado em minha vivência pessoal e também em observações na família de amigos e conhecidos que também são descendentes.

Não... não sou eu e meus amigos.
Uma das características que vi desde pequeno nas famílias que tem origem japonesa é a de prezar pelos valores que são passados de geração em geração. Acredito que esse seja um dos principais motivos pelos quais os estereótipos em relação aos descendentes são formados. Vou destacar os que considero mais comuns.

Disciplina
A disciplina é algo quase que indissociável de um japonês mais tradicional. Outro dia assisti um documentário de um sushiman extremamente famoso no Japão, Jiro Ono*. O restaurante dele recebeu três estrelas da Michelin e para conseguir comer lá é necessário agendar com um mês de antecedência, devido a alta procura. Jiro diz no documentário que para chegar onde chegou é necessário sempre procurar progredir, nunca fica contente com o que já alcançou porque sempre há algo a melhorar e também mostra no documentário as dificuldades de ser aprendiz dele. É necessário muita disciplina, a ponto de ficar anos preparando metodicamente o mesmo prato todos os dias.
Não lembro exatamente quando coloquei isso na cabeça, mas quando era pequeno ficava treinando meus reflexos com uma bolinha de silicone, daquelas que pulam bastante sabe?! Eu jogava ela no chão, ela batia na parede, voltava e eu tinha que segurá-la. Fiz isso vários dias e acho que acabou me ajudando quando resolvi jogar no gol. Não fui goleiro profissional claro, mas acho que essa noção de disciplina já fazia parte da minha vida desde pequeno. Sei que não só os japoneses prezam pela disciplina, mas pelo que conheço, esse é um dos grandes pilares da cultura japonesa. Junto com a disciplina vem o esforço.

Esforço 
No japonês existe uma expressão muito conhecida que é a がんばって (ganbatte), que significa algo como "Faça seu melhor!", "Esforce-se!". E ela é usada em várias ocasiões, mas principalmente quando se quer incentivar alguém a ir além. Ela é bastante ouvida em competições, em jogos, mas também no dia-a-dia quando se vai fazer algo diferente ou difícil.
Durante o tempo que estive no Japão, ouvi bastante essa expressão, principalmente no trabalho, como eu era novato, eles falavam isso como forma de incentivo a trabalhar fazendo o melhor possível.
Fazer o melhor é quase que uma obrigação, o contrário significa desonrar seu nome ou sua família. Sim, os japoneses tradicionais são um pouco extremos nesse sentido, porque eles respeitam muito os antepassados.

Respeito
Quem já foi em uma casa de japonês deve ter visto o memorial de um parente que morreu e lá eles acendem incenso e colocam comida. Essa é uma prática comum dos budistas de cultuar os antepassados. E também em vida é dito sempre para respeitar os mais velhos, os chefes, os veteranos. A reverência oriental que é realizada nas artes marciais e é bem conhecida como cumprimento é uma demonstração de respeito, quanto mais você se inclina, maior é o respeito e a honra que se dá a pessoa

Honra e orgulho
Esses dois valores falarei junto porque também estão diretamente ligados ao filme que escrevi no começo do post. No filme e na história japonesa, tirar sua própria vida em favor da honra e do orgulho é considerado algo nobre e digno. É melhor morrer do que desonrar sua família, seu clã, seu nome. Na II Guerra Mundial muitos japoneses cometeram suicídio por terem seu orgulho nacional quebrado ao perderem a guerra**. E até hoje ainda acontece isso, por exemplo, quando alguma pessoa que possuí um cargo alto em uma empresa famosa ou no governo e é descoberta praticando corrupção, às vezes ela não só renuncia o cargo, mas também comete suicídio como forma de demonstrar arrependimento e vergonha por ter agido de forma desonrosa, isso demonstra como são importantes a honra e o orgulho. 

Como disse anteriormente, acredito que por causa desses valores os estereótipos são criados, não acho que os descendentes são mais capazes que os não descendentes, ou que nascem com uma inteligência superior, mas que por causa desses valores acabam por se dedicar um pouco a mais, suficiente para se destacar. Esses valores são bonitos e felizes os descendentes que os herdaram.

Entretanto, só quem é descendente sabe como isso muitas vezes se torna um peso caso você não seja o melhor, caso sua nota no colégio seja baixa. Conheço pessoas que já disseram que se sentiam muito frustradas porque foram cobradas por outros para serem as melhores por serem descendentes e não conseguiram. Essa cobrança pode ser externa, mas ainda há a cobrança interna e dessa posso falar com propriedade. 

Durante muito tempo e ainda hoje, me cobro para tentar fazer o melhor que posso. Meu objetivo não é competir com outros, não é ser o melhor, mas é saber que estou fazendo o meu melhor. E quando percebo que errei em algo que poderia ter feito melhor acabo me sentindo um pouco frustrado. Só que diferente de um tempo atrás, hoje percebo isso e tento ser mais tolerante comigo mesmo porque também sou humano e errar está dentro do normal. 

Hoje entendo que os valores passados para mim são muito importantes e pretendo passá-los para meus filhos e netos, porém, sei também que quando são levados de forma extrema acabam se tornando prejudiciais. Principalmente a questão da honra e do orgulho, porque eles parecem nobres, mas ser orgulhoso demais não é bom. Entendo que é preciso humildade para reconhecer o erro, a derrota, a falha e aceitar isso como parte da vida. Ser orgulhoso demais pode quebrar relacionamentos, resultar em viver uma vida com rancor e em caso mais extremos pode fazer trilhar o caminho da morte. Apesar de saber que o suicídio no Japão é algo bem mais profundo e que esse post não consegue discutir esse assunto de forma adequada, acredito que a vida deve vir em primeiro lugar. 
O objetivo desses valores devem ser a vida! Uma vida melhor vivida! 

Concluindo, ser descendente de japonês é saber lidar com os estereótipos, com os valores de disciplina, esforço, respeito, honra e orgulho passados e com a cobrança que vem junto com esses valores. Não vale a pena levar tudo a ferro e fogo, mas é importante considerar os ensinamentos para tentar viver melhor! 


* O documentário chama Jiro - Dreams of sushi e está disponível no Netflix. 
** Só como exemplo, no filme Cartas de Iwo Jima há uma cena que retrata essa isso. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Uma pausa é necessária.

O ritmo no qual vivemos atualmente já vem sendo tema de meus questionamentos há algum tempo. Reli um post de Fevereiro e vi que perguntei o motivo pelo qual corremos tanto.
Hoje não é um questionamento em si, mas algo para colocarmos em prática.

Estava lembrando de quando eu era criança, ia para a aula, voltava para casa e ia brincar, ver tv, dormir, jogar video-game. Duas vezes por semana eu tinha aula de futsal no fim da tarde e essa era minha rotina.
Quando vejo os compromissos das crianças de hoje fico assustado porque elas fazem inglês, violão, futebol, natação, redação. (Às vezes acho que são robos disfarçados).

O que isso pode representar? Pode representar um ritmo frenético de vida desde a infância e quando a vida adulta chega esse quadro não muda ou piora. Isso é muito preocupante!
Nosso corpo tem um limite e viver nessa velocidade pode ser altamente prejudicial, às vezes estamos nos destruindo e nem percebemos isso! Ficamos cansados fisicamente e mentalmente e não paramos para pensar porquê.

Recentemente me perguntaram, quanto tempo você tem se dedicado a você? Para praticar uma atividade física, jogar futebol, correr, fazer academia? Então percebi que não estava fazendo nada disso. Talvez precise de uma pausa 2 ou 3 vezes na semana para cuidar da minha saúde também.
O benefício da atividade física vai além do físico, mas também libera tensões, dá sensação de prazer e satisfação.

E não só a atividade física é importante, mas também reservar um tempo para fazer o que se gosta. Ver um filme, ir ao parque, passear com o cachorro, ler um livro, etc. Dia 10 de Outubro foi o dia mundial da saúde mental, uma das dicas para ter uma boa saúde mental é ter um tempo de lazer, coisa que às vezes falta em nossa vida por causa das várias atividades e compromissos que temos.

Então a prática é simplesorganize-se e reserve um tempo para você fazer o que gosta, reserve um tempo para praticar uma atividade física. Você verá como isso pode ser benéfico não só para a saúde física, mas também para o cansaço psicológico, porque, uma pausa é necessária.

sábado, 17 de setembro de 2016

Paixão...

A vida não é feita só de racionalidade e de coisas concretas, mas também passeia pelo abstrato e pelo inexplicável, o mundo dos sentimentos. Todo mundo já ficou ou ficará apaixonado algum dia.
Nem sempre essa paixão tem uma explicação clara, não existe uma regra, alguns se apaixonam pela beleza, outros pelo carisma ou até mesmo às vezes não se sabe o motivo. Porém, se nem sempre sabemos o motivo, uma outra coisa é certa, a paixão tem características bem próprias. Não vou classificar como boas ou ruins. Como tratamos de sentimentos, talvez a terminologia de bom ou ruim não seja a mais adequada. 
Entendo a paixão como um grande paradoxo e vou explicar porquê.

Primeiro é importante lembrar que permitir apaixonar-se exige coragem, é preciso abaixar os escudos e se expor. Essa exposição traz um sentimento de vulnerabilidade e talvez seja o motivo de muitas pessoas não gostarem ou não aceitarem ficar apaixonadas.
Mas, ao mesmo tempo, a paixão traz vontade de viver, um brilho diferente no olhar.  É capaz de deixar bobo até o mais racional dos homens.
Quando se está apaixonado acontecem coisas que seriam "impossíveis" em um "estado natural", o pensamento longe, suspiros profundos, coração acelerado quando a pessoa se aproxima, sonhar acordado. (Ok, sei que tem gente vive com o pensamento longe e sonhando acordado, mas isso também é bem característico de uma pessoa apaixonada).
A paixão parece aflorar e maximizar sentimentos. O frio na barriga, a ansiedade pela mensagem, as lágrimas do adeus. Um minuto longe é uma eternidade e horas perto parecem segundos.
E quando a paixão é correspondida então?! É uma alegria que não cabe no peito!
Por outro lado, a decepção de não ser doi profundamente.
Só para termos uma noção de como a paixão é um sentimento que realmente mexe com o ser humano, é só pegar o tanto de músicas que falam sobre. São muitas. E justamente, algumas retratam da alegria de estar apaixonado e outras a tristeza por ser algo não correspondido. 

Por isso acho que a paixão é um grande paradoxo. Parece ser bom e ruim ao mesmo tempo, pode ser a tormenta ou o paraíso, depende de como você encara tudo e também de como será ou não correspondido. 
A paixão na vida é assim, uma ciência não exata, mas de uma peculiaridade sem igual!

domingo, 4 de setembro de 2016

A síndrome de super-heroi e a culpa que não podemos suportar.

No fim do ano passado escrevi sobre a tragédia que aconteceu em Mariana-MG e sobre o que estava ao nosso alcance para ajudar. De certa forma, o post de hoje tem relação com isso.

Vejo que uma característica bem forte presente em muitos jovens é a capacidade de sonhar e idealizar. Talvez isso seja cultivado desde a infância quando ouvimos os contos de fadas, depois na escola, a "bonita história do Brasil" e assim por diante. Tudo de forma idealizada, perfeita e infelizmente irreal.

Compreendo que isso não é de todo mal, porque isso traz esperança, motiva para a construção de um futuro melhor e isso é muito importante. Porém, ao mesmo tempo talvez gere o que chamarei de síndrome de super-heroi.
(O que seria isso?)

É o pensamento de que as coisas só acontecem se você estiver ali e que no final tudo dará certo.

Já percebeu que existem situações que as pessoas acham que somente elas conseguem resolver? Ou ainda, que se elas estiverem envolvidas podem mudar totalmente a situação? Sim! Isso acontece sim! Essas pessoas existem, mas infelizmente não são maioria. O problema é que às vezes são inspiração para que muitas outras pessoas acreditem que estão acima da média, o que nem sempre é verdade.

Qual é a consequência disso? Uma geração de jovens idealistas que atribuem a si mesmos uma importância exagerada e que quando algo falha, a frustração chega de forma multiplicada por causa da expectativa que fora multiplicada. (Deixo claro que não estou desvalorizando ninguém, muito pelo contrário, vejo que a vida de cada ser humano é muito importante, mas uma auto-valorização exagerada é o que considero ruim. Também deixo claro que não acho que seja importante acreditar que dará tudo certo no final, dizem que o otimismo, a fé podem ser decisivos para a recuperação de pessoas doentes. Isso é diferente de fantasiar um desfecho perfeito).

Então junto com a frustração está um sentimento de culpa por causa do fracasso, que também vem multiplicado. Quando nos julgamos responsáveis por grandes coisas, a falha também acaba se tornando nossa responsabilidade. E isso pode ser perigoso a ponto de deixar marcas profundas. Culpa que não podemos suportar. Meu objetivo não desencorajar ninguém a assumir grandes projetos, mas alertar contra a síndrome de super-heroi.

Por isso um lembrete para você e para mim, não ache que tudo depende exclusivamente de você. Não atribua a si mesmo uma responsabilidade que está além do real. Seja realista. Sonhe, mas sempre com os pés no chão. E assim vamos seguindo em frente, com a principal característica que temos, que não é de ser super-heroi, mas sim, seres humanos iguais aos outros.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A vida acontece agora...

(Um post curtinho)
No penúltimo post falei sobre ter esperança no amanhã e dias atrás comecei a pensar no outro lado, nos dias que já se foram. Percebi que estava um pouco nostálgico e talvez isso foi reforçado porque assisti uma série japonesa chamada Kurosagi e porque voltei a ouvir umas músicas que fizeram parte da minha playlist uns anos atrás.
A série eu já tinha visto uma vez, mas vi novamente para relembrar. Ela conta a história de um rapaz que dá golpe em golpistas, mais ou menos no estilo Robin Hood, e sua principal motivação era vingança contra o golpista que enganou seu pai. Em vários momentos da trama é citado que ele vive preso no passado trágico de sua família.
Mais ou menos ao mesmo tempo, voltei a ouvir a playlist porque me traz boas lembranças.
Só que quando fui parar para contar, já se passaram um 9 anos e na minha cabeça parece que tudo ainda é recente.
Aí surgiu a pergunta, quantas vezes nos comportamos tentando reviver o que já passou?
Percebi que não adianta minha cabeça ficar em 2007 ou em qualquer outra data que já foi. (Claro, sei que para algumas pessoas pode não ser tão simples assim, principalmente quando envolve traumas ou algo do tipo, mas no caso enfoco situações não traumáticas, aquilo que tentamos reviver porque gostamos).
Talvez pareça não ter problema gostar de ficar lembrando e comparando o passado com o agora, porém, corremos o risco de deixar a vida passar. Isso não significa que devo esquecer do passado, muito pelo contrário, hoje sou o que sou por causa daquilo que já vivi. Mas é fundamental saber que já passou e agora há um caminho inédito para ser trilhado.
Afinal, a vida acontece agora.

terça-feira, 28 de junho de 2016

A experiência de um "mochileiro" de primeira viagem.

Esse será um post um pouco diferente porque não é exatamente um pensamento, mas o compartilhamento de uma experiência que vivi recentemente.

Li há um tempo atrás um post do Buzzfeed falando sobre uma lista de coisas que devemos fazer sozinhos pelo menos uma vez na vida. Uma delas era viajar sozinho.
Quando estava programando minhas férias comecei a cogitar a ideia de fazer isso. Já havia feito viagens internacionais sozinho, mas só o deslocamento, sempre no destino tinha alguém que eu conhecia, por isso resolvi encarar o desafio.

Depois de pesquisar lugares, ver preços e datas fui ver com alguns amigos se eles não gostariam de ir junto. Caso a resposta fosse "não" sem problemas, eu já iria de qualquer forma. Um desses amigos gostou da ideia e umas duas semanas antes confirmou que iria. Ok, fomos acertando o planejamento da viagem. Destino: Porto Alegre.

Eu chegaria sexta e ele sábado, então sexta ficaria por conta. Decidi ficar em um hostel por ser mais barato e ser algo que nunca tinha feito.
Consegui chegar no hostel, deixei as coisas e fui me aventurar. Foi uma experiência nova, o Google Maps foi meu guia.
Por causa da incerteza dos pontos de ônibus e paradas, mais de uma vez caminhei mais do que realmente precisaria, mas isso está incluso no pacote "primeira viagem".
No entardecer voltei para o hostel e só saí para comer algo perto. Os dias no hostel foram um pouco parecidos com os acampamentos que participei, estava no mesmo quarto com um monte de estranhos a mim, mas nos dias seguintes já estava acostumando com eles.
No sábado tive uma grande surpresa. Acordei e vi que tinha mensagens no celular, ligação do meu amigo. O aeroporto de Porto Alegre estava sem condições para pouso e ele decidiu não ir mais.

Resultado: um final de semana sozinho em Porto Alegre.

Precisei ficar por conta e me surpreendi muito com a receptividade das pessoas. Todas foram muito solicitas em ajudar, informar sobre lugares e como chegar (e "de brinde" tinha o sotaque que particularmente gosto).
Vi quão interessante a cidade é no aspecto arquitetônico histórico. Várias construções antigas que no city tour são explicadas sua importância.
Porto Alegre é uma cidade exemplo em conservação e em preservação. São muitas opções de parques arborizados para caminhar, passar a tarde com amigos. Esse tipo de lazer é um ponto forte de lá.

Um dos objetivos quando escolhi Porto Alegre foi para ir um estádio de Copa do Mundo. Apesar de quase desistir no meio do caminho, resolvi comprar o ingresso para ver Internacional e Botafogo. Foi uma experiência bem interessante mesmo sem torcer pra nenhum time que estava jogando. Vi no Brasil um padrão alto de estádio. Não enfrentei filas para entrar, o gramado, a iluminação, o som e o telão estavam muito bons, 2 anos após a Copa.

Resolvi não ficar me sentindo culpado caso não encontrasse um verdadeiro churrasco gaúcho e tomasse um chimarrão. Porque churrasco e chimarrão consigo na minha própria cidade (temos um CTG e estudo com uma gaúcha que de vez em quando leva seu chimarrão pra faculdade). Fiquei é impressionado com a quantidade de restaurantes japonês que vi. Praticamente em todos os lugares que eu fui tinha um.

Por fim, no planejamento achava que 3 dias seriam suficientes para conhecer os pontos legais da cidade, mas não chegaram nem perto (mais uma lição para o pacote "primeira viagem").
Por outro lado, isso que é legal, ficar com a vontade de voltar.
E pode esperar Porto Alegre, eu voltarei.
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Aqui estão algumas fotos que tirei de lá.















quinta-feira, 2 de junho de 2016

Enquanto houver amanhã é preciso ter esperança.

Me peguei reflexivo nesses últimos dias porque vejo que talvez o cenário político recente (principalmente de 2 anos para cá) não traz boas perspectivias e as notícias que ouço não são as melhores. 

"A empresa X fechou, a empresa L mandou várias pessoas embora". Ouvir isso me deixou um pouco apreensivo a respeito do nosso futuro, com o caminho do país daqui para frente. Antes era uma notícia que eu via nos jornais, na internet, agora já são conversas que participo no meu dia-a-dia. Talvez hoje, pelo menos para mim, a crise bate a porta. 

Como disse, ficar angustiado foi minha primeira reação, mas após o desespero inicial (Oh! E agora? Quem poderá nos defender?), fui lembrando de algumas coisas. Já ouvi ou li (não lembro exatamente) que as crises têm seu lado positivo. Elas nos fazem sair da comodidade, usar a criatividade e ver além. Por causa das crises buscamos alternativas. 

É claro que passar pelo momento de crise não é fácil, mas enquanto houver amanhã é preciso ter esperança. Parece romântica demais essa frase e talvez até seja. Porém, pense comigo, o mais importante não é estar vivo no dia de amanhã? A vida e a esperança devem caminhar juntas, porque é possível que amanhã (metaforicamente falando) o cenário mude, mesmo que de forma árdua e trabalhosa (o que normalmente é). 

Olhando para a história, a humanidade já passou por outras crises, nosso país já passou por outras crises. Assim como elas foram superadas no passado, temos a inspiração para lutar e buscar superação na atual. Então se o desespero vier, devemos lembrar "enquanto houver amanhã é preciso ter esperança".

domingo, 1 de maio de 2016

Até encontrar o seu caminho...

Costumo acompanhar canais no Youtube com certa frequência e alguns deles é bem interessante ver o quanto a pessoa mudou com o tempo.
Um dos canais que acompanho é o Desimpedidos que fala sobre futebol e resolvi assistir um vídeo antigo apenas para rever mesmo. Sem perceber, comecei a prestar atenção, comparar como mudou o estilo do apresentador Fred. Os vídeos atuais parecem ser mais autênticos, dá para perceber que ele conseguiu construir sua imagem própria, seus bordões, seu estilo.
Uma vez vi um vloggeiro chamado Felipe Castanhari falando sobre isso, que no começo ele tinha tentado imitar pessoas que já faziam vlog até que resolveu ter sua própria identidade porque não estava se sentindo confortável daquela forma.

Na escrita, pode até ser que você copie uma fórmula, um jeito de escrever ou gênero que está fazendo sucesso para também ganhar destaque, mas penso, qual é o sentido de alcançar algo que não foi você que desenvolveu? Ok, a primeira resposta pode ser, "mas vou ganhar dinheiro", pode até ser, mas particularmente não vejo sentido em ganhar dinheiro dessa forma. Será que vale ganhar dinheiro a qualquer custo? Mesmo que esse custo seja a sua autenticidade?

Acho que no começo, quando não conseguimos pensar de forma profunda para construir nosso próprio caminho é importante ouvirmos, observarmos e tentarmos inspirados em outros, mas que isso não seja algo eterno. Entendo que isso deve acontecer até termos maturidade suficiente para desenvolvermos algo próprio.

Digo isso também em relação à vida, a minha vida deve ser o meu caminho, não o caminho dos meus pais ou dos meus professores ou dos meus amigos ou seja lá quem for. Isso não significa que devo seguir sem dar atenção ao que eles dizem. Posso ouvir conselhos, ouvir opiniões, mas no final, devo escolher o caminho para trilhar e sim, acho que os conselhos podem ser muito valorosos para ajudar nas decisões.

Para finalizar, parece que em algum momento da nossa vida precisamos desenvolver nossa própria identidade, nosso próprio estilo, nosso próprio caminho. Não precisamos ter medo de tentar, ainda que o medo do que não está certo nos ronde (e sobre o medo, recomendo esse post da Nicole).
Até encontrar seu caminho você pode ir por trilhas que já percorerram, mas reforço, isso até encontrar o seu caminho...

terça-feira, 29 de março de 2016

E se eu fizer mais e falar menos?

Depois de algumas semanas, finalizarei a série "E se..." com uma rápida reflexão a partir do que tem acontecido em nosso país principalmente nessas últimas semanas.

Não tem como fugir de toda a discussão acerca da nossa política, os impasses, as acusações, e os embates giram em torno de suspeitas de desvio de dinheiro, corrupção, enriquecimento de maneira ilícita. De pessoas que estavam e estão a frente do nosso governo. Pessoas que até um tempo atrás faziam discuros bonitos, que falavam de um país que está em ascensão, mas infelizmente, o que vemos hoje são resultados de uma má administração. Em outras palavras, o discurso ficou na teoria. (Detalhe importante, não estou preocupado em defender partidos políticos, meu foco nesse post é outro).

Baseado nessa situação, acredito que podemos começar a refletir sobre nossas palavras e atitudes.

Estava pensando, adianta falar bonito mas agir totalmente diferente?

A forma básica de comunicação para a maioria das pessoas é o discurso, talvez seja a forma mais clara de comunicação (claro, existem pessoas que pensam diferente), mas o que coloca o discurso a prova é a ação.

Sei que nem sempre conseguimos ser 100% fieis aos nossos discursos e é por isso que talvez seja importante ter cuidado com o que falamos, principalmente quando julgamos algo ou alguém.
Às vezes ouvimos discursos prepotentes que menosprezam os outros e colocam um peso exagerado, tão exagerado que nem a pessoa que fala consegue cumprir.

O resultado é a incoerência entre o discurso e a ação.

Um exemplo genérico, um policial que critica ferozmente a corrupção, faz postagens no Facebook, vai manifestar na rua, mas recebe R$ 10,00 para fingir que está tudo em ordem com um motorista embrigado durante uma blitz.

Entendo que precisamos pensar isso não só no aspecto da política, mas nas áreas gerais da nossa vida. Em nossos relacionamentos, afazeres do cotidiano, nosso discurso é comprovado com nossa prática.

Assim, penso em possibilidades para ser menos incoerente: ser mais honesto e falar menos (não literalmente, mas ficar com menos blábláblá e discursos arrogantes); assumir as minhas limitações em meus discursos; agir mais para que meu discurso tenha validade.
Essas possibilidades podem fazer a diferença, já que atualmente o ditado "faça o que eu diga, mas não faça o que eu faço" já caiu em descrédito.

Então termino o post pensando "e se eu fizer mais e falar menos"?

domingo, 6 de março de 2016

E se eu perdoar mais?

Dando sequência a série "E se...", estive e ainda estou pensando bastante sobre isso.

Perdão.

Há muito o que falar sobre o perdão, porque é um algo básico de qualquer relacionamento. Mas serei breve porque não é meu propósito deixar o post muito longo.

Entendo que perdoar pode ser relacionado com humilhar-se. (Como assim?). A atitude de perdoar alguém demonstra que você escolheu abrir mão de estar certo e seu orgulho já não tem mais tanta importância.

Acredito que o orgulho é um grande adversário do perdão (talvez o maior). Quando consideramos que a outra pessoa é quem está errada e esperamos que ela venha se desculpar (vamos ser sinceros, é o que pensamos na maioria das vezes) ergue-se uma resistência no relacionamento.

Mas aí que entra a parte de escolher abrir mão do orgulho. O perdoar não precisa acontecer necessariamente somente quando a outra pessoa pede perdão. Podemos desistir de querer estar certos por considerarmos o relacionamento com a pessoa mais importante do que um "eu tenho a razão e ela que venha se desculpar".
Isso não depende do sentir, como escrevi no começo desse parágrafo, tem relação com escolha.

Sei que não é fácil, mas entendo que o perdão é libertador. Perdoar e ser perdoado é semelhante a retirar um peso os ombros (peso este que não precisávamos carregar). Somente experimentando que é possível saber como é aliviador.

Então pergunto, o que pode acontecer com a qualidade dos meus relacionamentos se eu perdoar mais?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

E se eu reclamar menos?

Estive pensando essas últimas semanas e resolvi começar hoje uma série de 3 posts rápidos "E se eu...". Particularmente não gosto de ficar pensando "ah e se eu tivesse feito aquilo?", "e se eu tivesse dado outra resposta?", porque acho que não é algo saudável ficar remoendo o que já passou. Mas ainda que possa parecer, essa série não fala de passado e sim de possibilidades que podem ser reais, que podem começar hoje. Então vamos lá!

Você percebeu o quanto nós reclamamos?

Quando eu parei pra pensar sobre isso, fiquei lembrando dos meus comentários e reclamações.
Por exemplo, quando faz muito sol reclamo que está quente, quando está chovendo reclamo porque é ruim para sair de casa; quando tenho muita coisa para fazer, reclamo que não tenho tempo para nada, quando não tenho nada para fazer, reclamo que estou entediado.

Será que só eu faço isso?

Quantas e quantas vezes reclamamos apenas por reclamar?
E olha, não sei se você já ficou perto de alguém que reclama de  tudo, mas é muito ruim. Parece que a pessoa nunca está satisfeita e ingratidão parece ser a melhor palavra para descrever a situação.

Para não ser esse tipo de pessoa, começo a pensar "E se eu reclamar menos?". (Poderia muito bem colocar "E se eu parar de reclamar?", mas acho que isso é algo quase que impossível. Parece que reclamar faz parte da natureza do ser humano, por isso preferi reclamar menos).

O que aconteceria se eu reclamasse menos? E mais, por que reclamo de tudo?

Acho que posso terminar esse post por aqui, cabe a cada um fazer sua própria reflexão sobre essas perguntas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Será que vale a pena correr tanto?

Na primeira semana do ano pude ir para um acampamento no interior de SP e ficar por 5 dias lá. Nesses dias fiquei praticamente sem mexer no celular, já que o sinal do wi-fi era fraco e o do 3g quase não pegava (sim, ainda não tenho 4g).

Essa experiência no começo é meio desesperadora porque para quem está acostumado a ficar conectado o dia inteiro. Não ter redes sociais, páginas de notícias é angustiante. Mas depois do primeiro dia, a coisa muda de figura. O que era angústia começa a se tornar alívio. E você começa a perceber que não precisa tanto do seu gadget quanto você achava que precisava. Percebe que não morrerá se ficar sem ver as notificações logo que elas vem e que não faz tanta diferença ver um like agora ou depois.

Recentemente fui confrontado novamente com uma situação parecida. Por motivos de força maior,
passo boa parte do dia sem mexer em meu celular. Em uma conversa, vi que sem perceber acabamos entrando em um ritmo descontrolado e uma dependência até exagerada das tecnologias.

Comecei a me questionar então, será que vale a pena correr tanto?
Não no sentido literal, mas correr para ver as notificações, correr para ver as mensagens e respondê-las, correr para tirar uma foto e postar. Será que por isso realmente vale a pena correr?

Na mesma conversa que falei acima, me falaram que com esse estilo de vida a ansiedade vai fazendo parte do nosso dia-a-dia de forma sutil e quando vamos ver, não conseguimos esperar 5 minutos para sermos atendidos.
Essa velocidade na informação, na tecnologia, além de nos deixar mal acostumados, faz mal para nós. Ficamos mais stressados, ansiosos e não percebemos que estamos em um ritmo frenético que nem o nosso próprio corpo aguenta.

Por isso talvez seja importante repensarmos a forma como vivemos hoje. Deixar um pouco o celular, o tablet, o computador para aproveitarmos outras coisas da vida. Caminhar, praticar exercícios, conversar com os que estão a sua volta, para que assim a gente consiga correr em um ritmo que nosso corpo consiga sem adoecer.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

E quando acontece com a gente?

Normalmente, estamos acostumados a acompanhar pelas redes sociais, pela TV, jornais as coisas que acontecem pelo mundo a fora, posso estar enganado mas principalmente as coisas ruins. Há um tempo atrás como já falei aqui, os acontecimentos lamentáveis em Mariana - MG e em Paris. E de longe ficamos "nossa, que triste", mas e quando acontece com a gente?

É a primeira vez que estou vivendo uma situação de estado de emergência em minha cidade e quando fiquei sabendo, logo fiquei meio preocupado. Afinal, nunca vivi isso, não sei como me comportar.

Desde o ano passado, a média do volume de chuva é maior do que em muitos anos. Nos últimos dias, ela está vindo com muita força em pouco tempo, causando vários estragos aqui e na região. Fiquei sabendo que pontes caíram, estradas cederam, árvores desabaram, bairros estão sem água desde a tarde, pessoas foram levadas pela água e a sensação de insegurança frente a natureza aumentou.

E aí com tudo isso acontecendo o que sobra em nossos corações é a descrença, a reclamação, o questionamento, "por que comigo?". Uma vez ouvi uma resposta muito interessante, "por que não com você?". Às vezes em nosso olhar pequeno e egoísta, achamos que devemos ser imunes a esse tipo de coisa, devemos ser intocáveis em relação aos acidentes, em relação às catástrofes. Desculpe dizer isso, talvez você não pense assim, mas nós somos iguais. Somos feitos das mesmas matérias e sujeitos aos mesmos acontecimentos, uma vez que todos nós somos seres humanos em um mundo que às vezes parece ser caótico.

Então o que fazer quando acontece com a gente?

Podemos escolher, podemos continuar nos fazendo de vítimas achando que tudo conspira contra nós, podemos aceitar, chorar, enxugar as lágrimas, levantar e continuar, podemos simplesmente desistir e cruzar os braços, podemos fingir que nada está acontecendo. Tudo isso são possibilidades e acredito que há muitas outras que não citei.

O que eu entendo que é o melhor caminho a ser seguido, é saber daquilo que está acontecendo, saber minhas possibidades e limitações e fazer o que posso, nem mais, nem menos. Para mim, desistir e reclamar não parece ser a melhor opção, levantar e ter esperança no amanhã sim, porque acredito que uma hora isso se resolverá.